Urbanismo 4: Tony Garnier e a Cidade industrial.

- Tony Garnier (1869-1948) foi um arquiteto e urbanista francês. Ele estudou na Escola Nacional de Belas Artes em Paris entre 1890 e 1899. Um aluno de Paul Blondel e Louis Henri Georges Scellier de Gisors, ele obteve após seis tentativas sem sucesso o Primeiro Grande Prêmio de Roma em 1899, apresentando como prova final o tema "Um hotel para a sede central de um banco de Estado”. Este prêmio lhe permitiu  ficar na Academia de França em Roma de 1899 a 1903. Ele fez uma série de aquarelas representando diferentes locais da cidade. É também em Roma que Tony Garnier começa a trabalhar em seu projeto de cidade industrial. Em 1904 ele apresentou esse projeto de cidade, como Trabalho de Conclusão de Curso (Wikipedia.fr)

- Seu projeto foi publicado em 1919 com o título A Cidade Industrial, prevendo a utilização do concreto e vidro em grande escala. Além de ser uma proposta ousada, pela primeira vez na história alguém faz um projeto utópico detalhado de uma cidade industrial. A setorização foi um dos princípios que nortearam sua proposta urbanística, dessa forma as áreas de indústria, habitação, lazer, cultura, administrativo (governamental), seriam instâncias bem delimitadas no espaço de sua cidade. Garnier pertence ao grupo de teóricos do urbanismo intitulados como utópicos ou utopistas (Wikipedia.pt e Wikipedia.fr).
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- Alguns dos pressupostos básicos da Cidade Jardim de Howard  também foram enfatizados por Garnier: a emancipação do homem da monotonia de seu trabalho para assumir ocupações mais frutíferas e a visão de que todos os homens são inerentemente cooperativos e iguais. A sua cidade era cxonstruída nessa perspectiva; nos esquemas estavamn também relacionados em detalhes questões como a inclusão de energia elétrica, a ênfase no plantio dentro da cidade e o ideal do século 19 amplamente aceito, de uma casa com jardim para cada família.

- Em seu prefácio à Cidade Industrial, Garnier incluía especificamente nela, a maioria dos elementos principais da teoria regionalista contemporânea; a Cidade deveria representar um módulo da federação de cidades, entre as quais se criaria um vínculo por meio da ênfase na comunicação e na troca de mercadorias. Museus históricos e botânicos, locais para exposições regionais e uma escola de artes e indústrias deveriam ser incluídos neste projeto. O artesanato local deveria ser ensinado. As energias disponíveis na proximidade deveriam ser exploradas.

- Entretanto, o regionalismo nunca esteve associado ao socialismo e, neste importante dogma filosófico, a Cidade Industrial não se conforma ao pensamento regionalista. A iniciativa individual não é enfatizada na Cidade de Garnier, a propriedade é comum e as conveniências públicas são mantidas para benefício de todos. Garnier havia trabalhado em bairros de trabalhadores, alguns de seus planos posteriores podem refletir as doutrinas sociais às quais ele foi exposto enquanto esteve por lá. Em sua cidade, serviços de emprego e albergues gratuitos, bem como salas de reunião, foram criados para sindicatos de trabalhadores que pressupõem um governo socialista. Muitas instalações públicas foram fornecidas, como matadouros, moinhos de farinha, etc, e igualdade para ambos os sexos na educação.

- Ele propunha uma Cidade Industrial de 35.000 habitantes inteiramente em concreto armado e vidro. Este projeto, exposto em 164 planos precisos até os menores detalhes de construção, influenciou posteriormente os modelos teóricos de urbanização dos primeiros anos da União Soviética.

- No final do século XIX, acreditava-se que muitas reformas sociais poderiam ser alcançadas gradualmente através da educação moral e intelectual, levando a um futuro estado ideal. Garnier acreditava na bondade básica do homem: quando perguntado por que sua cidade não continha tribunais, delegacias de polícia, prisão ou igreja, ele teria respondido que a nova sociedade governada pelos princípios socialistas não teria necessidade de igrejas, pois o capitalismo seria suprimido. Nas utopias desse período, foram enfatizadas condições fundamentais, naturais e primitivas; a ênfase no exercício, na saúde e no bem-estar físico foi um corolário do despertar do interesse pela vida natural. A inclusão de Garnier de uma grande área pública de esportes e espetáculos em sua cidade se relacionava com a filosofia utópica primitiva, a antiguidade pagã e o amor pelos jogos coletivos.

 A cidade Industrial.

  Centro da cidade, áreas administrativas, desportivas e de espetáculos.
 

 Zona residencial.

- Quando Edouard Herriot, que admirava o trabalho de Garnier, chegou à Prefeitura de Lyon em 1905, grandes projetos foram confiados a ele, particularmente no leste de Lyon, o teatro da principal extensão urbana da cidade na época.

- Os grandes matadouros do mercado de la Mouche (1906 - 1932), um grande complexo que abrange a Halle e os matadouros, incluindo a Halle Tony-Garnier.

- O desenvolvimento do projeto durou dois anos e meio. Este complexo programa tem duas funções: matadouros e um mercado de gado. Organização horizontal, separação de funções, racionalização da circulação, são os princípios que orientam o estabelecimento do plano global em um vasto terreno de 23.000 m2. Os edifícios são organizados de acordo com dois eixos ortogonais, formados pela rua coberta e pelo corredor, na direção das operações: estação, cais, estábulos, mercado, matadouros, salas de abate e serviços. Desde 1914, os matadouros de La Mouche foram unanimemente aclamados pelos críticos como uma das realizações contemporâneas mais inovadoras e contribuíram fortemente para a notoriedade de Garnier.


Mercado de la Mouche (1906 - 1932).


- O Bairro Estados Unidos é a quarta grande encomenda pública que Garnier recebe em Lyon. Em 1917, o município decidiu construir uma avenida industrial nos subúrbios do sudeste de Lyon. Garnier então estuda um vasto projeto de planejamento urbano que só será parcialmente realizado. Estudos continuam em 1919 e 1920 sob o título Habitações comunais no centro industrial em Lyon entre La Guillotière e Venissieux, projeto publicado nas grandes obras da cidade de Lyon. Garnier conservou sua visão global combinando, em um todo, indústria, habitação, serviços públicos, hotéis, lojas. Os trabalhos começaram em 1922 e continuaram até 1933. 
 

Bairro Estados Unidos. Lyon. Residência multifamiliar.


(Este texto não tem pretensão autoral. Tratam-se de notas de aula de autores distintos referendados abaixo):
Referências: 
http://architectureandurbanism.blogspot.com.br/2010/11/tony-garnier-une-cite-industrielle-1917.html  

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