Gropius e a Bauhaus


- Walter Gropius (1883-1969) foi um arquiteto alemão e fundador da Bauhaus, que, juntamente com Ludwig Mies van der Rohe, Le Corbusier e Frank Lloyd Wright, é amplamente considerado como um dos mestres pioneiros da arquitetura moderna.

- Em 1913, Gropius publicou um artigo sobre "O desenvolvimento de edifícios industriais", que incluía cerca de uma dúzia de fotografias de fábricas e elevadores de grãos na América do Norte. Um texto que teve uma forte influência sobre outros modernistas europeus, incluindo Le Corbusier e Erich Mendelsohn, os quais reimprimiram as imagens de Gropius entre 1920 e 1930. O estudo que realizou para este artigo, assim como a experiência que teve no escritório de Peter Behrens onde trabalhou no início da carreira, e que foi o autor da Fábrica de turbinas da AEG (1910) foram as prováveis referências de Gropius para o seu projeto da Fabrica Fargus (1911).


- A Bauhaus surgiu no contexto da reformulação da formação em artes aplicadas na Alemanha, que passou, entre outros pela fundação da Escola de Artes e Ofícios do Grão-ducado em Weimar, por Van de Velde em 1906. Com a demissão de Van de Velde em 1915 um dos nomes sugeridos pelo artista ao Ministro de Estado da Saxônia, para sucedê-lo, foi o de Gropius  (FRAMPTON).

- Os princípios da Bauhaus de 1919, de acordo com Frampton, tinham sido antecipados no Programa arquitetônico de Bruno Taut: uma nova unidade cultural só poderia ser obtida através de uma nova arte da construção, onde não existirão “fronteiras entre os ofícios, a escultura e a pintura; tudo será uma coisa só, a Arquitetura” (Taut Apud FRAMPTON). A Gesamtkunstwerk, obra de arte global.

- “Originalmente a Bauhaus foi fundada com a finalidade de erigir a catedral do socialismo, e os ateliês foram dispostos à maneira dos alojamentos dos construtores das catedrais. Com o tempo a ideia da catedral passou para segundo plano (…) Diante da crise econômica, temos o dever de nos tornar pioneiros da simplicidade, ou seja, é preciso encontrar uma forma simples para todas as necessidades da vida, uma forma que seja ao mesmo tempo respeitável e verdadeira” (O. Schlemmer Apud FRAMPTON). 

- Até 1920 a Bauhaus foi predominantemente direcionada pelo pensamento antiautoritário (anarquista) e místico (oriental) de Johannes Itten (pintor de origem suissa).  

- Por instigação de Itten, desde 1919 juntaram-se à Bauhaus artistas como Paul Klee, Oskar Schlemmer, Georg Muche e, mais tarde (1922), Wassily Kandinsky.

- Também em 1921 o arquiteto holandês Theo Van Doesburg (De Stijl) vai juntar-se a Bauhaus, exacerbando a divergência entre Gropius e Itten. De um lado aqueles que pregavam uma estética racional e antiindividualista, serial mesmo (Gropius, Doesburg) e do outro, aqueles que postulavam uma abordagem emotiva, mística e individualista da arte (Itten e Kandinsky).

- Uma alteração na orientação do programa original, em que a partir de então “o ensino dos ofícios pretende preparar o design para a produção em série” (Gropius Apud Frampton) desencadeou a demissão de Itten, que foi substituído pelo artista húngaro Lazlo Moholy-Nagy, pintor e fotógrafo de forte matiz construtivista russa (FRAMPTON).

- A luta interna neste período inicial da Bauhaus expressa, numa escala menor, as divergências existentes no seio do movimento moderno que a exposição já mencionada de 32 vai procurar obliterar, consagrando como Estilo Internacional apenas a corrente racionalista-construtivista.

- Tanto a Sommerfeld House de Gropius e Meyer quanto a Versuchshaus de Georg Muche foram construídas e mobiliadas pelos ateliês da Bauhaus, e caracterizam esse ‘período de transição da escola, revelando elementos comuns e dessemelhanças surpreendentes’ (Frampton). 





- Depois de 1923, a abordagem da Bauhaus tornou-se extremamente objetiva, no sentido de estar estreitamente afiliada ao movimento Neu Sachlichkeit (Nova Objetividade), movimento esse que, de acordo com um de seus teóricos, G.F. Hartlaub, expressava-se ‘no entusiamo pela realidade imediata em decorrencia de um desejo de considerar as coisas de modo totalmente objetivo, sobre uma base material, sem investi-las imediatamente de implicações ideais. Na Alemanha, essa desilusão saudável encontra sua expressão mais clara na arquitetura’ (Hartlaub Apud FRAMPTON).

- Essa afiliação, que, apesar de sua massificação um tanto formalista, se refletiu nas construções para a própria Bauhaus Dessau, iria tornar-se mais acentuada após a demissão de Gropius em 1928. Os dois últimos anos sob a direção de Gropius distinguiram-se por fatos muito importantes: a mudança da Bauhaus de Weimar para Dessau, muito bem orquestrada políticamente e a conclusão das edificações da Bauhaus (FRAMPTON).  Dessau era uma cidade industrial e o conselho municipal arcou com a construção da escola no sentido de incrementar a cultura e a qualidade da produção industrial local.



- Hannes Meyer, que substituiu Gropius na direção da Bauhaus, foi capaz de orientá-la para um programa de design mais socialmente responsável; a enfase agora incidia sobre o social, e não sobre considerações de natureza estética. A Bauhaus foi organizada em 4 departamentos principais: arquitetura, publicidade, produção em madeira e metal, e texteis (FRAMPTON).

- Pressionado pela direita em ascensão, Meyer foi demitido em 1930, substituido por Ludwig Mies van der Rohe. Em outubro de 1932 o que restava dela, Bauhaus, foi transferido para um velho depósito em Berlim, e nove meses mais tarde a Bauhaus foi finalmente fechada pelos nazistas (FRAMPTON).

- Em 1937 Gropius emigra para os Estados Unidos, onde é convidado para reformular o curso de arquitetura da Universidade de Harvard, que até então encontrava-se formatado no modelo Beaux Arts do século XIX.


(Este texto não tem pretensão autoral. Tratam-se de notas de aula retiradas de autores distintos, referendados abaixo):

Referencias:
FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo : Martins Fontes, 2000.
www.wikipedia.com


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