Urbanismo 1: O nascimento do urbanismo moderno.


Paris e a administração Hausmann.
- Georges-Eugène Haussmann (1809-1891), advogado, jurista, administrador, largamente conhecido como Barão de Haussmann,  foi prefeito do antigo departamento do Sena (que incluía os atuais departamentos de Paris, Hauts-de-Seine, Seine-Saint-Denis e Val-de-Marne), entre 1853 e 1870. Durante este período foi responsável pela reforma urbana de Paris, determinada por Napoleão III, e tornou-se muito conhecido na história do urbanismo e das cidades.

- Hausmann teve os seus trabalhos facilitados por conta de uma legislação de desapropriação precursora que havia na França desde 1850, quando são aprovadas ‘leis para simplificar a construção de novas linhas ferroviárias e obras urbanas de interesse público’ (Calabi). 
  
- Haussmann queria estabelecer uma política que facilitasse o escoamento dos fluxos, tanto da população, como das mercadorias, do ar, e das águas (água potável e águas servidas), convencido que estava pelas teorias de higiene herdadas do Iluminismo e que se espalharam na esteira da epidemia de cólera de 1832 que se abateu sobre a cidade. Esta campanha foi intitulada "Paris embelezada, Paris ampliada, Paris asseada”. (Wikipedia.fr)

As obras executadas por Hausmann, nos 17 anos de poder, podem ser divididas em 5 categorias de acordo com Benevolo:
1. As obras viárias: A urbanização do terrenos periféricos, com o traçado de novas retículas, e a abertura de novas artérias nos velhos bairros, com a reconstrução de edifícios ao longo do novo alinhamento. As realizações de Hausmann parecem ser prosseguimento , em escala maior, dos ordenamentos barrocos, baseados em conceitos análogos de regularidade, simetria e culto do eixo.



Esquema dos grandes trabalhos de Haussmann em Paris: em preto as novas avenidas, em tracejado quadriculado os novos bairros, em tracejado horizontal os dois grandes parques periféricos (Boulogne e Vincennes).

  2. Os trabalhos de edificação realizados diretamente pela Administração e por outras entidades publicas. No projeto desses edificios – ilustrados em 1881 por Narjoux em uma grande publicação – empregaram-se os mais ilustres arquitetos da época, assim como as técnicas mais avançadas. O repertório estilístico da cultura eclética predominava nestes edifícios.



Gare du Nord. Jacques Hittorff. 1865. 

3. Os trabalhos de criação dos parques públicos. Até então Paris tinha os parques do Antigo Regime (Tulherias, Luxemburgo etc) parques palacianos que foram abertos ao público depois da Revolução. Com Hausmann e seus colaboradores, vastas regiões da periferia foram remanejadas para parques públicos populares. O Projeto de Hausmann criou uma Paris sofisticada para as elites (Bois de Boulogne) mas envolvia também um perfil lúdico voltado para as classes trabalhadoras (Bois de Vincennes).
Bois de Boulogne. 1852. Em virtude de sua posição e de sua vizinhança com o Champs-Elysées, este parque torna-se logo sede da vida mais elegante de Paris (Benevolo).

4. Modernização dos serviços de esgoto e de abastecimento da cidade.

 
5. Modifica-se a sede administrativa da capital. Os doze arrondissements tradicionais são elevados ao número de vinte, e uma parte das funções administrativas é descentralizada nas vinte mairies (prefeituras) de cada arrondissement (bairro).







Criticas às intervenções de Hausmann.
- Contemporâneos acusaram-no de ter escondido sob uma preocupação social e higienista um projeto essencialmente policial: a construção de avenidas largas teria por objetivo principal facilitar os movimentos de tropas e o estabelecimento de ruas retas teria possibilitado armas de fogo em uma multidão que porventura viesse a se amotinar em barricadas.

- Artistas, arquitetos e saudosistas denunciaram a monotonia sufocante dessa arquitetura monumental, censuraram-lhe também a destruição dos ambientes pitorescos da velha Paris.

- Socialistas criticaram a transferência descarada de recursos estatais para as mãos privadas, pois o Estado (ou seja, todos) pagaram as obras, mas a mais valia espantosa da valorização dos terrenos alcançados pelas reformas, ficoiu restrita quase que apenas aos antigos proprietários.

(Este texto não tem pretensão autoral. Tratam-se de notas de aula de autores distintos referendados abaixo):
BENEVOLO, Leonardo. História da Arquitetura moderna. São Paulo : Perspectiva.
CALABI, Donatella. História do urbanismo europeu. São Paulo : Perspectiva, 2012. 







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